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Cronópio das letras norte-americanas, Eliot Weinberger levou o ensaio literário a terrenos inéditos. Escrito a partir de um convite do MoMA de Nova York e publicado em 2000, As estrelas foi um livro decisivo nesse percurso: em suas breves páginas consumou-se o apagamento das fronteiras entre o ensaio, a ficção e a poesia. Ao mesmo tempo, Weinberger complicava as distinções fáceis entre o próprio (do autor, de sua tradição, de sua cultura) e o alheio (vindo de outros livros, línguas, latitudes, longitudes e convocado por meio de uma citação universal).
É assim que uma pergunta formulada nos termos mais simples ("As estrelas, o que são?") desencadeia um turbilhão cintilante de respostas, de definições que rodopiam diante de nossos olhos antes de retornarem, não à pergunta de origem, mas à origem da própria pergunta: a mera, a misteriosa presença das estrelas a nos interpelar no firmamento noturno. As respostas e definições vêm de todas as partes e todos os tempos: de poemas, textos filosóficos, manuais de física, mitologias próximas ou distantes, tradições anônimas e relatos de viagem.
Diz o autor que uma única regra de ouro tem vigência neste ensaio sui generis: tudo, aqui, deve provir de fonte documental e verificável. Mas talvez haja ainda uma outra regra, mais secreta: tudo, aqui, deve se apresentar ao leitor em pé de igualdade, em sua comum condição de testemunhos da imaginação humana, ordenados não por hierarquias prévias, mas por um sutil trabalho de composição que beira a música e que é a marca da grande poesia.
SOBRE O AUTOR
Criador de uma obra multifária, Eliot Weinberger nasceu em 1949, em Nova York, cidade onde mora até hoje. Depois de abandonar os estudos universitários, passou a se dedicar ao ensaísmo e à tradução. Como tradutor de literatura hispano-americana, verteu para o inglês diversos livros de seu amigo Octavio Paz, bem como poemas do também mexicano Xavier Villaurrutia, ensaios de Jorge Luis Borges e o Altazor de Vicente Huidobro; na esteira do interesse que o modernismo americano, desde Pound, dedicou ao Oriente, organizou The New Directions Anthology of Classical Chinese Poetry (2003) e reeditou as traduções de poesia chinesa e japonesa assinadas por Kenneth Rexroth, além de escrever um pequeno estudo já clássico, 19 Ways of Looking at Wang Wei (1987, com reedição ampliada em 2016); é ainda tradutor do poeta contemporâneo Bei Dao, de quem já publicou duas antologias. Como ensaísta, Weinberger começou a escrever na contramão de um gênero até então quase intocado pela experimentação formal e mais próximo da crônica, do jornalismo ou da crítica acadêmica. A partir de Works on Paper (1986), Outside Stories (1992) e Karmic Traces (2000), borrou progressivamente os limites entre ensaio, ficção e poesia, publicando livros como The Stars (2000), Muhammad (2006), para finalmente chegar ao projeto de um grande “ensaio serial”, iniciado com An Elemental Thing (2007) e The Ghosts of Birds (2016). Por fim, Weinberger é autor de dois grandes livros de intervenção política, What I Heard about Iraq (2005) e What Happened Here: Bush Chronicles (2005), ambos publicados no Brasil pela editora Record. A obra de Eliot Weinberger já foi traduzida para mais de trinta idiomas.