A obediente Gerti é casada com Hermann, diretor de uma fábrica de papel para quem tanto os funcionários como a mulher têm um valor meramente instrumental. Apesar de criança, o filho do casal já se mostra predisposto ao consumismo e a certa perversidade e completa um núcleo familiar disfuncional em que imperam a dominação sexual, a humilhação e o abuso de poder.
Elfriede Jelinek constrói essa narrativa usando estruturas inovadoras, jogos de palavras inusitados e associações ousadas, num trabalho artesanal com a linguagem, reconhecido ao receber o Nobel de literatura em 2004, por, nas palavras da Academia, “seu fluxo musical de vozes e contravozes em romances e peças de teatro que, com cuidado linguístico extraordinário, revelam o absurdo que são os clichês sociais e seu poder de subjugar”.
SOBRE O AUTOR
Elfriede Jelinek, nascida em 20 de outubro de 1946, tem causado polêmica em sua Áustria natal há mais de três décadas, especialmente pelo caráter direto com o qual aborda as questões familiares e temas relativos ao sexo, por oposição aberta ao Partido da Liberdade (extrema direita) e denúncias quanto ao papel desempenhado pela Áustria na política nazista. Dentre seus vários prêmios, destacam-se o Prêmio Nobel de Literatura (2004), três vezes o Mülheimer Dramatistis (2002, 2004, 2009), do qual é recordista, e o Henrich Böll (1986), do qual foi a primeira mulher vencedora.